O Conselho Superior das Entidades Médicas de Santa Catarina (Cosemesc) iniciou, na sexta-feira, dia 26 de setembro, a programação da 25ª edição do Fórum de Entidades Médicas de Santa Catarina (FEMESC), considerado o principal espaço de debate da categoria no Estado. O evento, realizado na sede do CRM-SC, em Florianópolis, segue até o dia 27, reunindo médicos e lideranças para discutir temas centrais da profissão, como prática médica, gestão em saúde e os desafios do ensino e da assistência.

A primeira apresentação foi conduzida pelo Dr. Fábio Siniqueli, 3º vice-presidente do CRM-SC, que abordou a nova Resolução CFM nº 2.434/2025. Ele destacou o desequilíbrio entre o número de formados e as vagas de residência, ressaltando que a norma busca fortalecer a supervisão presencial, a segurança do paciente e a transparência nos cenários de prática. “Mesmo diante da judicialização de alguns pontos, a prioridade permanece: qualificar a graduação e responsabilizar os coordenadores do ensino”, pontuou.

Na sequência, o Dr. Antônio Reis de Sá Júnior apresentou reflexões sobre o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes de Medicina (Enamed), o Exame Nacional de Residência Médica (Enare) e a avaliação de proficiência. Segundo ele, os exames evoluem para medir não apenas conhecimento, mas também habilidades e atitudes em contextos voltados à atenção primária e às urgências. “A tendência é integrar os resultados a processos seletivos de residência e, no futuro, consolidar uma proficiência mínima para proteger o cuidado em saúde”, afirmou.

Já o presidente da Federação Médica Brasileira (FMB), Dr. Fernando Luiz de Mendonça, analisou o Programa Mais Especialistas, lançado pelo governo federal. Para ele, ampliar vagas sem a devida estrutura compromete a qualidade da formação. “Não se trata de empilhar números. É preciso formar especialistas com supervisão robusta, interiorização responsável e compromisso real com os resultados em saúde”, enfatizou.

Abertura oficial
Na abertura oficial do evento, a presidente do CRM-SC e coordenadora do Cosemesc, Dra. Andréa Antunes Caldeira de Andrada Ferreira, destacou a necessidade de unir esforços em defesa da valorização e da segurança do médico. “Conclamamos Prefeituras e Governo do Estado a estarem ao nosso lado, não apenas como gestores, mas como aliados na construção de um sistema de saúde seguro para todos. Uma saúde pública de qualidade depende de ambientes de trabalho dignos e de profissionais protegidos e valorizados”, afirmou.

Ela também alertou para os riscos da mercantilização do ensino médico. “Ao discutirmos a formação, defendemos que os futuros médicos tenham a competência necessária para garantir um cuidado seguro. Ao apoiarmos provas de validação, estamos protegendo a sociedade de práticas inadequadas”, completou.

Segundo a coordenadora do Cosemesc, o fórum reafirma sua missão de ser um espaço de diálogo técnico, plural e responsável. “O futuro será mais tecnológico e, por isso mesmo, precisa ser também mais humano e ético”, concluiu.

Tecnologia em foco
A palestra de abertura oficial tratou do impacto da inteligência artificial na medicina, apresentada pelo cirurgião plástico Leonardo Fernandes de Souza Aguiar, referência em tecnologias exponenciais. Para ele, a inovação só tem valor quando fortalece a prática médica. “A tecnologia faz sentido quando amplia evidência, segurança e humanidade. A inteligência artificial não substitui o médico; potencializa sua atuação, oferecendo dados para decisões mais seguras e empáticas”, destacou.

Sobre o Cosemesc

O Conselho Superior das Entidades Médicas de Santa Catarina (Cosemesc) é formado por representantes do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC), Associação Catarinense de Medicina (ACM), Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc), Academia de Medicina do Estado de Santa Catarina (Acamesc) e Sindicato dos Médicos da Região Sul Catarinense (Simersul).