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Artigo – Ensino médico de qualidade e promoção da saúde

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Presidente do Conselho Regional de Medicina, Eduardo Porto Ribeiro assina artigo de opinião veiculado no jornal Notícias do Dia. O texto destaca a preocupação da entidade com a qualidade do ensino médico no Estado.

Leia a íntegra do artigo:

A qualidade do ensino médico no Estado é motivo de grande preocupação para todos que atuamos na área e temos compromisso com a promoção da saúde pública. Desde os anos 90, dezesseis novas faculdades foram criadas em Santa Catarina. Hoje há oferta anual de 1.260 vagas – 1.060 na rede privada e 200 em universidades públicas.

O aumento do número de escolas médicas no Estado e sua descentralização são reflexos de uma reivindicação social: a necessidade de universalização do acesso com a interiorização da presença de médicos. Infelizmente, houve falta de planejamento na implementação desta política, com abertura de faculdades em regiões com pouca infraestrutura para criação de campos de estágio, hospitais de ensino deficientes, e número insuficiente de docentes nas diversas especialidades.

A criação de uma boa faculdade de Medicina envolve obrigatoriamente a existência de centros médicos com grande volume de atendimentos e docentes capacitados. Especificamente, entre os parâmetros defendidos pelas entidades médicas para a abertura de um curso, destacam-se: a oferta de cinco leitos públicos para cada aluno no município sede do curso; acompanhamento de cada equipe da Estratégia Saúde da Família por no máximo três alunos de graduação; existência de hospital com mais de 100 leitos exclusivos para o curso; e existência de pelo menos três programas de residência médica nas áreas prioritárias.

Sem isso – e ainda que exista boa vontade – o resultado final será uma formação deficiente, que irá piorar a qualidade do atendimento em saúde. Médicos formados em escolas desestruturadas e sem locais adequados de aprendizagem iniciam sua prática profissional menos preparados.

Há hoje uma escola médica para cada grupo de 400 mil habitantes em Santa Catarina. A média nos países desenvolvidos é de uma escola para cada 1,5 milhão de habitantes. Ou seja: não precisamos de novas escolas médicas no Estado. O número de profissionais também aumentou de forma exponencial, mas nem isso resultou na maior oferta de especialistas em locais de difícil provimento. Há médicos, mas falta política pública que permita ao profissional se fixar no interior com segurança financeira e boa infraestrutura.

O desafio que se impõe é a promoção urgente da revisão da qualidade do ensino nas faculdades.

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