Eduardo Porto Ribeiro

Presidente do CRM-SC

Santa Catarina tem mais de 22 mil médicos e médicas em atividade. Profissionais que enfrentaram enormes dificuldades durante a pandemia da Covid, muitas vezes colocando a própria vida em risco – assim como também fizeram tantos enfermeiros e técnicos em clínicas e hospitais – e que receberam reconhecimento e merecidos aplausos pela tarefa que cumpriram com destemor. A vacinação em massa e o surgimento de linhagens menos agressivas do coronavírus diminuíram o grau de urgência da doença. Superado o auge da crise, cumpre relembrar e reforçar: o trabalho do médico segue essencial para a promoção da saúde da população e de cada indivíduo.

Depois de lermos os desejos de saúde que acompanham as milhares de mensagens de Ano Novo, precisamos manter isso em mente. Em tempos de crise sanitária ou não, o médico deve ser reconhecido, valorizado e respeitado. Temos uma série de desafios a superar para que isso ocorra. Eles incluem desde a essencial atenção à formação do profissional, o que exige a imposição de limites à criação de novos cursos e à oferta de mais vagas nas instituições de ensino, até a garantia de melhores condições de trabalho – nos grandes centros e, principalmente, em locais onde há maior dificuldade de alocação de profissionais.

Jornadas de trabalho extenuantes, remuneração insuficiente e problemas de infraestrutura (equipamentos obsoletos, equipes incompletas, falta de medicamentos, entre outros problemas) deixam o médico exposto a situações de extremo stress e comprometem a saúde e a qualidade de vida do profissional que carrega sobre os ombros a enorme responsabilidade de cuidar do bem-estar de outras pessoas. Pior: por fatores externos e motivos que estão fora do controle do médico, cidadãos sofrem por não terem acesso a tratamentos no prazo ideal e com a comodidade desejada, enfrentando filas e outros transtornos.
O médico, como já dito, tem papel essencial para a promoção da saúde de todos – até mesmo a de cada leitor desse texto. Além disso, ele é protagonista no contato com a população e deve ser ouvido com atenção por aqueles que formulam políticas públicas e tem a atribuição de alocar recursos no setor. Em comum, médicos, enfermeiros, técnicos, gestores públicos, entre outros, temos o interesse em garantir saúde para a todos. O reconhecimento à importância do profissional médico e o respeito a seu trabalho são condições sem as quais é impossível imaginar a concretização desse desejo e a consolidação de uma sociedade cada vez mais saudável.