Médicos debatem rede de apoio à mulher vítima de violência Publicado em:
Evento do CRM-SC destaca importância de os profissionais de saúde estarem atentos para identificar casos
O estabelecimento de redes de apoio é essencial para que mulheres vítimas de violência possam deixar relacionamentos abusivos e reconstruir sua vida. Além de policiais, advogados, promotores públicos, parentes e amigos, essa estrutura de auxílio pode ser bastante fortalecida com presença de médicos e outros profissionais de saúde. “É fundamental estarmos atentos a esse problema e prontos a acolher e apoiar as vítimas”, diz a ginecologista e conselheira do CRM-SC, Fabiana Rebelo Pereira Costa, que participou na quarta-feira à noite, 30/11, do Momento da Ética, evento virtual da do CRM-SC que debateu o assunto.
No consultório ou em atendimentos de emergência, muitas vezes o médico é um dos primeiros profissionais a se deparar com vítimas. Por isso, deve estar preparado para identificar um caso de agressão e fazer o encaminhamento adequado, com a notificação às autoridades. Além dos sinais físicos, é necessário escutar a paciente de forma atenta e dar a ela espaço para tratar do assunto com tranquilidade. “Nesse momento é importante ter sensibilidade para apoiar a vítima, sem julgamentos. A mulher que sofre uma agressão está muito fragilizada e precisa ser acolhida pelos profissionais que tem contato com ela”, diz a advogada Giane Brusque Bello, que falou no evento sobre o chamado ciclo de violência.
A maior parte dos relacionamentos abusivos segue um padrão. Inicialmente há uma tensão crescente entre o casal, com ataques verbais mais ou menos agressivos, até a ocorrência extrema, quando o homem agride a mulher. Após esse primeiro ataque, o mais comum é um pedido de desculpas seguido de reconciliação. Mas em pouco tempo a tendência é de recomeço do ciclo. “A mulher precisa ter informação e apoio para identificar que está nesse ciclo perigoso de violência e mudar de vida”, diz Giane. Quanto mais cedo a vítima se afasta do relacionamento agressivo, melhor.
Isso, porém, não é simples como pode parecer. O relacionamento abusivo costuma ser marcado por “armadilhas” psicológicas, financeiras e amorosas e pelo medo, da agressão, do afastamento de um filho, do julgamento externo. “A situação é muito complexa e por isso é fundamental a união de toda a sociedade”, diz a advogada. Segundo ela, há avanços importantes, com a atuação conjunta de diversas entidades e agentes públicos na busca de soluções.
Além de promover a discussão sobre o tema, o CRM-SC está desenvolvendo em parceria com órgãos públicos um sistema que torne mais ágil o processo de notificação de casos identificados pelos médicos. Presidente da entidade, Eduardo Porto Ribeiro diz que a intenção é criar um formulário digital para ser preenchido pelo médico e encaminhado às autoridades competentes. Ferramenta semelhante foi criada há poucos meses em parceria com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) para notificação compulsória de doenças.
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