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Sono de qualidade é fundamental para saúde e importância é subestimada, alerta especialista

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Médico Pablo Moritz destaca que dormir mal pode estar por trás do agravamento de doenças e elenca principais cuidados para melhorar qualidade do sono

O sono tem um papel fundamental para a saúde do corpo e da mente – e o impacto dos problemas relacionados a ele na saúde geral das pessoas tem sido subestimado. Quem faz o alerta é Pablo Moritz, pneumologista e especialista em saúde do sono. Ele falou sobre o assunto em entrevista ao podcast “Sua Saúde”, do Conselho Regional de Medicina (CRM-SC).

“O sono é um processo ativo altamente complexo, e é primordialmente uma necessidade do cérebro. Toda a fixação da memória, do aprendizado, o processamento de emoções, enfim, toda a saúde cerebral depende de um sono adequado, em termos de quantidade e qualidade”, destaca o médico. E vai além: segundo ele, dormir mal pode estar por trás do agravamento de uma série de doenças.

“Eu costumo dizer que os problemas do sono geralmente são esquecidos dentro dos consultórios. Sabe-se, por exemplo, que a apneia do sono (distúrbio do sono em que a respiração para e volta várias vezes) é uma das principais causas de pressão alta. As doenças cardiovasculares, de modo geral, estão muito relacionadas ao sono de má qualidade. Ele também provoca desequilíbrio hormonal, o que tem um impacto para a obesidade, sem falar nas doenças psiquiátricas”, comenta.

E, para piorar, a realidade é que estamos dormindo cada vez pior, afirma Moritz. Ele comenta que a vida moderna tem prejudicado o ato de dormir e cita, por exemplo, a dificuldade de as pessoas se desconectarem do celular como um dos principais problemas.

“A luz emitida pelos dispositivos eletrônicos e também pelas lâmpadas de LED, conhecida como ‘luz azul’, é uma fonte recente e com a qual o nosso cérebro ainda não está acostumado. Quando somos expostos à essa luz, é como se houvesse um estímulo informando ao cérebro que o dia está amanhecendo”, explica.

Porém, não são só os dispositivos eletrônicos os culpados pelas noites mal dormidas. A privação do escuro, de modo geral, inibe a secreção da melatonina e de outros processos que são indispensáveis para um sono de qualidade, frisa o médico.

Ele destaca, ainda, que dormir bem não está apenas relacionado à quantidade de horas de sono – e que elas estejam de acordo com a necessidade de cada faixa etária -, mas também a ter condições no ambiente para atingir os estágios mais profundos. Nesse ponto, barulho ou outros ruídos, além da já citada exposição à luz são interferências prejudiciais.

Dormir melhor requer mudar hábitos

Para melhorar a qualidade do sono, é preciso estar disposto a mudar hábitos. O especialista Pablo Moritz reforça a importância de diminuir a exposição à luz após as 20h, citando que o cérebro precisa de duas a três horas de penumbra antes de dormir.

Outro ponto chave, segundo ele, pode ser a prática de atividades físicas, no caso de pessoas que sofrem de insônia. “A atividade física pode tratar a insônia melhor que qualquer medicamento”, defende. Estar atento à alimentação, evitando o consumo de carboidratos à noite e também a ingestão de álcool em excesso são outras dicas elencadas pelo médico.

Moritz também orienta sobre a melhor forma de lidar com a insônia que aparece no meio da noite. “A primeira coisa é não acender a luz. Outro ponto importante é sair um pouco da cama, desviar a atenção. Nesse caso, a pessoa pode acender uma luz amarela, não direta, ler alguma coisa até o sono voltar”, sugere.

Já para os casos em que há suspeita de problemas como a própria apneia do sono, a orientação é buscar ajuda médica. “Um dos sinais de alerta é a presença do ronco mesmo quando a pessoa está dormindo de lado, frequente e em volume alto. Esse com certeza é um sinal de alerta e que precisa ser investigado”, ressalta o médico.

O podcast Sua Saúde foi criado pelo CRM-SC para disseminar informação de qualidade sobre saúde. Os episódios já gravados incluem conversas com especialistas sobre vacinas, saúde do sono, dores nas costas, uso de anabolizantes, entre outros.

Ouça o episódio na íntegra

 

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