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Vacinação: uma responsabilidade coletiva

Publicado em:

Eduardo Porto Ribeiro
Presidente do CRM-SC

Médicos e gestores públicos da área da saúde passaram a ter uma nova e inesperada preocupação nos últimos anos: a ameaça do ressurgimento de doenças graves, que já eram consideradas erradicadas no País, como a poliomielite, o sarampo, entre outras. No caso da paralisia infantil, o cenário global era de certo otimismo há poucos anos. À época, houve quem cogitasse a possibilidade de erradicação da doença no mundo. Os poucos casos registrados estavam restritos a dois países – Afeganistão e Paquistão – e isso abria a possibilidade de ações pontuais e concentradas.
Infelizmente, porém, a realidade hoje é outra – e é preciso agir para não desperdiçar conquistas de décadas de trabalho no combate ao vírus. Nos últimos anos, houve registros do vírus da poliomielite em países do Oriente, da África e da Europa. Ao mesmo tempo, informação apresentada pela Sociedade Brasileira de Imunizações no site paralisiainfantil.com.br indica que Haiti, Peru, República Dominicana, Venezuela, Brasil, Argentina e Paraguai são considerados países onde há alto risco de retorno da doença. O motivo do alarme é conhecido: os índices de cobertura vacinal das crianças caem ano após ano. As gotinhas, que tanto sucesso já fizeram no País há poucas décadas, foram perdendo parte da sua popularidade.
O fenômeno é mundial, mas a solução depende do esforço local. Cidades e estados precisam imunizar 95% das crianças entre zero e 5 anos. O desafio é enorme – e alcançar a meta exigirá um trabalho coordenado e intenso do Estado e de instituições da sociedade civil. Precisamos relembrar estratégias que tornaram o Brasil referência global com seu Programa Nacional de Imunização. Vale lembrar, para não nos deixarmos abater pelo pessimismo, que no Brasil um personagem como o Zé Gotinha, criação do artista plástico e publicitário Darlan Rosa, teve grande exposição, caiu no gosto da criançada e ajudou a sedimentar uma cultura pró-vacinação. Ou seja: o brasileiro não é resistente a aplicar as vacinas em seus filhos. O que parece ter ocorrido nos últimos anos com a pólio é um certo relaxamento causado pela distância do risco, após anos sem qualquer caso, algo natural.
As vacinas são uma medida de prevenção importante. Para que surtam o efeito esperado, dependem da máxima adesão possível, essencial para diminuir o risco de contatos com o agente causador de doenças. Essa é uma batalha que ninguém luta sozinho. Nossas crianças seguem precisando da nossa união. Vamos protege-las!

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